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sábado, 9 de junho de 2012

ABC do diabetes

Um problema universal de saúde pública. O diabetes – excesso de açúcar no sangue – atinge 150 milhões de pessoas no mundo. No Brasil, 10 milhões de pessoas têm as duas formas da doença (o tipo 1, quando o pâncreas não produz insulina, e o tipo 2, quando as células resistem à ação da insulina, que representa 90% dos casos). E a incidência aumenta em adultos e adolescentes, sendo a principal causa o crescente aumento de peso.
Segundo o Ministério da Saúde, 50% dos brasileiros sequer sabem que são diabéticos – o que é muito grave. A doença aumenta 3 a 5 vezes o risco de complicações cardiovasculares e é a primeira causa de falência renal, cegueira e amputação, reduzindo a expectativa de vida em 5 a 10 anos. Mas a doença pode ser perfeitamente controlada – às vezes apenas com mudanças de estilo de vida…
O diabetes tipo 1 é doença hereditária? Já se nasce com ela?
O diabetes tipo 1 é uma doença auto-imune. A pessoa não nasce com ela, mas pode desenvolver durante a infância ou até na idade adulta, resultado de uma agressão auto-imune do pâncreas, que passa a não produzir mais insulina.

Quanto do diabetes tipo 2 tem a ver com estilo de vida – obesidade, sedentarismo, etc?
O diabetes tipo 2 tem um fator hereditário, mas sofre grande influência de um estilo de vida sedentário e excesso de peso. Muitas pessoas que têm parentes de primeiro grau com diabetes podem prevenir seu aparecimento se mantiverem um peso adequado e um estilo de vida ativo, evitando o stress e o sedentarismo.

Excesso de açúcar pode causar diabetes?
Não, o que pode causar diabetes é a obesidade resultante da ingestão exagerada de açúcares, o que provoca uma maior resistência à ação de insulina nas células.

Indivíduos com a glicose na faixa de 100/125 são mesmo pré-diabéticos? Ficarão diabéticos, necessariamente?São pré-diabéticos e se não houver uma mudança no estilo de vida, com emagrecimento e atividade física, existe, sim, uma grande chance de ficarem diabéticos.
Qual é o parâmetro metabólico que determina a necessidade de se tomar insulina? Algum índice de glicemia específico do qual não há volta?
A indicação de insulina se faz quando o paciente é diabético tipo 1 ou quando o diabético tipo 2 não responde adequadamente aos medicamentos hipoglicemiantes de uso oral. Com o passar do tempo, o descontrole da doença pode fazer com que o pâncreas passe a não mais produzir uma quantidade de insulina suficiente para que os hipoglicemiantes resultem num bom controle, sendo assim indicada a insulina.

Como se mede ou se percebe a falência do pâncreas?

Quando os níveis de glicemia não abaixam, apesar da medicação oral intensiva e a pessoa segue perdendo peso e com sintomas de hiperglicemia. Também pode-se medir a secreção de peptídeo, que indica quanto o pâncreas está produzindo de insulina.
Que porcentagem de pacientes de diabetes tipo 2 acabarão se tornando dependentes de insulina?

Hoje em dia, com as novas drogas, a necessidade de insulina no diabetes tipo 2 tem diminuído. Muitos pacientes podem viver anos bem controlados sem a necessidade de insulina. Por conta disso, é difícil prever quantos pacientes evoluem para o uso de insulina, inevitavelmente.
Uma vez dependente de insulina, sempre insulinodependente?
Não, a insulina pode se fazer necessária numa época de descontrole, por razões secundárias, tais como infecções e estresse. Uma vez passada a fase crítica, a insulina pode ser retirada. A insulina só fica absolutamente necessária em pacientes com diabetes tipo 1 e em pacientes tipo 2 que não produzam mais insulina.

Como agem os medicamentos antidiabetes? Sua ação tende a perder eficácia, com o tempo?
Há várias formas de ação dos hipogliceminates. Eles podem agir diminuindo a absorção de glicose pelo trato gastrointestinal, melhorando a sensibilidade à insulina, diminuindo a secreção de hormônios contrarreguladores e também estimulando a produção de insulina pelo pâncreas. Hoje, pode-se usar uma associação de drogas que, juntas, resultam num bom controle da glicemia. Eles não perdem o efeito, mas uma vez que o pâncreas fica sendo estimulado por algumas dessas medicações durante anos, isso pode levar a uma fadiga e diminuição da capacidade pancreática de produzir insulina.

Um diabético tipo 1 tem um risco sempre potencialmente maior de complicações que o tipo 2?
O diabetes tipo 1 é uma doença que tem controle mais difícil e, por ser uma doença que acomete indivíduos desde a infância, pode provocar complicações mais frequentemente que o tipo 2. Porém, hoje não se pode aceitar que um paciente diabético viva sem controle. Ele pode evitar todas as complicações que no passado eram um estigma da doença. O diabetes pode e deve ser bem controlado e os indivíduos portadores de diabetes podem ter uma vida normal e sem complicações.

A vida do diabético tipo 1, com o avanço nas tecnologias, é hoje muito melhor do que num passado recente?
Com certeza, hoje temos insulinas melhores, com um maior facilidade de aplicação, seja através de canetas ou de bombas de insulina. Os medidores de glicemias são mais portáteis e o governo permite a todos o acesso a essa tecnologia, possibilitando um controle da doença muito melhor do que no passado.

O diabetes é a doença de nosso tempo, talvez mais do que a hipertensão?
O diabetes ainda é a maior causa de doenças cardiovasculares, de cegueira, amputações não relacionadas a acidentes e insuficiência renal terminal. Porém, a hipertensão também é uma doença dos dias atuais e, juntamente com o diabetes, forma a dupla de grandes fatores de risco para complicações sérias e incapacitantes.

O que um diabético não pode e não deve comer?
Não deve comer açúcares livres e deve evitar grande quantidade de carboidratos na mesma refeição. Também deve manter uma dieta hipocalórica se estiver acima do peso, com baixo teor de gordura. A dieta deve ser sempre individualizada, variando para cada estilo de vida do paciente.

Diabetes 1 e 2: ficha técnica.
O diabetes, na verdade, são duas doenças em uma e um campo fértil para a geração de outras tantas. O diabético tipo 1 não produz insulina e as injeções diárias são essenciais para sua sobrevivência. O diabético do tipo 2 (DM2) produz insulina, mas o organismo não se mostra sensível ao hormônio. O corpo, então, passa a produzi-lo, cada vez mais, para compensar essa resistência. A ação da insulina é progressivamente perdida, impedindo a passagem do açúcar do sangue para as células. O fígado tenta compensar e aumenta a produção de açúcar, o que leva ao acúmulo no sangue.

O tratamento do DM2 inclui reeducação alimentar e exercício físico. Quanto às medicações, existe a metformina (que age na resistência à insulina indiretamente e basicamente no fígado) e as sulfonilreias (que estimulam a produção de mais insulina). Surgiram recentemente medicamentos que atuam sobre a resistência à insulina, as glitazonas. O que torna a descoberta desses sensibilizadores à insulina um avanço é que estas usam a insulina já disponível no organismo, atuando diretamente nas células do fígado, dos músculos e do tecido adiposo. A rosiglitazona, por exemplo, permite que a insulina facilite o acesso adequado da glicose às células, reduzindo e evitando a toxicidade deste excesso de “açúcares” na circulação sobre o coração, vasos sanguíneos e cérebro.
Ser diabético não significa conviver com danos irreversíveis. Siga as recomendações do seu médico, adapte a alimentação, exercite-se, perca o eventual excesso de peso e use a medicação rigorosamente. Não é admissível que uma doença tão antiga ainda contribua para a morte de dezenas de milhares de brasileiros anualmente, consumindo expectativa e qualidade de vida de outros tantos.
Fonte: Revista ABC Farma. Edição 239. “ABC do Diabetes” – Por Arnaldo Ansar.
As informações acima têm caráter meramente informativo. Elas não substituem o aconselhamento e o acompanhamento de médicos, nutricionistas, psicólogos, profissionais de educação física e outros especialistas.

Gasto com medicamentos isentos de prescrição sobe 30%

Os brasileiros só tiveram prejuízos desde que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou, em 2009, que os medicamentos isentos de prescrição, os chamados MIPs, fossem retirados das prateleiras para ficarem atrás do balcão. Uma pesquisa da Anvisa mostra que os gastos dos consumidores com MIPs subiram de 20% a 30% desde 2009. Uma das explicações da alta é que a venda de embalagens grandes cresceu 79% no período, sugerindo que os clientes estão comprando mais remédios.
E, ainda, cresceu a “empurroterapia” - que é a venda indicada pelos balconistas. A indicação pelos atendentes subiu de 4,6%, em 2007, para 9,3% em 2010. Hoje, um grupo de trabalho, criado por Dirceu Barbano, presidente da agência reguladora, estuda a volta desse tipo de remédios para as gôndolas. Uma audiência pública deve ser agendada para o fim de junho.
Fonte: Brasil Econômico – São Paulo

 
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