Comparado com o entusiasmo americano ou o japonês pelos frascos de polivitamínicos, o mercado brasileiro sempre foi irrisório - representa meros 10 a 15% daquele dos maiores consumidores mundiais. Mas algo está mudando no rastro do sucesso dos medicamentos isentos de prescrição médica (MIPs), ou inglês over-the-counter (OTC) que prometem bem-estar e qualidade de vida. O segmento dos polivitamínicos, que no Brasil movimenta cerca de R$ 820 milhões, cresce em ritmo acelerado, da ordem de 15% ao ano. Dizem os fabricantes que o seu potencial é quadruplicar em cinco anos. Para ocupar esse espaço, os dois maiores fabricantes — a Boehringer Ingelheim, dona do Pharmaton; e a Pfizer, fabricante do Centrum — investem em marketing. O laboratório alemão pretende gastar R$ 10 milhões para promover o Pharmaton, o que corresponde a mais de 20% do faturamento do produto no ano passado. Para chamar a atenção de consumidores mais jovens, o laboratório criou o Desafio Pharmaton, em que pessoas inscritas em duas assessorias esportivas são desafiadas a completar provas e treinos. Além da parte esportiva, os atletas passam por orientação nutricional e também por um check-up médico. O objetivo é atingir cerca de 5 milhões de pessoas com a ajuda das redes sociais. “Queremos que as pessoas acrescentem o produto na lista do que fazem para ter qualidade de vida”, diz Daniela Arantes, gerente de Marketing da Boehringer Ingelheim do Brasil. Ela diz que, tradicionalmente, os polivitamínicos eram mais utilizados por pessoas acima dos 40 anos que se julgavam estressadas ou doentes.
Mais jovens
A ideia agora é colocá-los na mira dos mais jovens, com disposição de praticar esporte, fazer ginástica e se movimentar. E daqueles que se preocupam com dieta e hábitos saudáveis, como evitar o cigarro e o exagero nas bebidas alcoólicas. E tentam conciliar a vida agitada com alimentação correta. Nessa linha também vai o marketing do Centrum da Pfizer. A empresa centrou a sua campanha publicitária no casal Angélica e Luciano Huck, esperando que a imagem dos dois, de pessoas que se cuidam e têm uma vida saudável, seja associada ao consumo de vitaminas. O esforço dos fabricantes é mostrar também que repõem substâncias essenciais ao organismo normalmente contidas na alimentação. Rodolfo Hrosz, gerente-geal da Pfizer Consumer Healthcare no Brasil, diz que uma grande parcela da população, independente da região ou nível sócioeconômico, apresenta ingestão muito abaixo do consumo recomendado de vitaminas e minerais essenciais, normalmente contida nas frutas, verduras e legumes. “Desenvolvemos uma fórmula do Centrum exclusiva que visa atender às necessidades nutricionais específicas dos brasileiros”, diz. A Pfizer tem planos de lançar novos produtos da linha, além de aumentar o volume de vendas. ■
VENDAS
No país, segmento de mercado movimenta R$820 mi por ano.
Negócios crescem 15% ao ano, mas o mercado brasileiro de polivitamínicos ainda representa menos de 15% dos maiores consumidores mundiais, Japão e Estados Unidos.
Consumidores desconhecem quando usar.
Terceiro segmento em importância no mercado dos MIPs, atrás apenas dos analgésicos e antivirais, os polivitamínicos prometem repor nutrientes que às vezes faltam no organismo, além de combater o stress físico e mental e fortalecer o sistema imunológico. Há quem os defenda como essenciais, quando as refeições no restaurante da empresa, na lanchonete da esquina ou a pizza comprada em casa substituem frutas, verduras e legumes. Mas há quem fuja das cápsulas acreditando que engordam ou reforçam o apetite. Segundo a nutricionista Heloisa Guarita, da RG Nutri, é preciso buscar o equilíbrio. Não é porque a grande maioria das vitaminas não exige receita médica que se deva consumi-las sem consultar antes um especialista. "Muitas vezes às pessoas tomam cápsulas de polivitamínicos diariamente e consomem as substâncias vendidas como matéria-prima para enriquecer alimentos e, por isso, acabam indo além da ingestão recomendada", afirma. Ao mesmo tempo, a nutricionista explica que as vitaminas não têm calorias ou açúcar. E acrescenta: "O melhor caminho é corrigir a dieta. Mas quando isso não é possível, não vejo problema das pessoas comprarem polivitamínicos, contanto que saibam para que servem as cápsulas e para que as estão consumindo." Em algumas casos, diz Heloisa, como em gestantes ou pessoas sob regimes severos, os polivitamínicos são recomendados. M.S.J.F.
Mais jovens
A ideia agora é colocá-los na mira dos mais jovens, com disposição de praticar esporte, fazer ginástica e se movimentar. E daqueles que se preocupam com dieta e hábitos saudáveis, como evitar o cigarro e o exagero nas bebidas alcoólicas. E tentam conciliar a vida agitada com alimentação correta. Nessa linha também vai o marketing do Centrum da Pfizer. A empresa centrou a sua campanha publicitária no casal Angélica e Luciano Huck, esperando que a imagem dos dois, de pessoas que se cuidam e têm uma vida saudável, seja associada ao consumo de vitaminas. O esforço dos fabricantes é mostrar também que repõem substâncias essenciais ao organismo normalmente contidas na alimentação. Rodolfo Hrosz, gerente-geal da Pfizer Consumer Healthcare no Brasil, diz que uma grande parcela da população, independente da região ou nível sócioeconômico, apresenta ingestão muito abaixo do consumo recomendado de vitaminas e minerais essenciais, normalmente contida nas frutas, verduras e legumes. “Desenvolvemos uma fórmula do Centrum exclusiva que visa atender às necessidades nutricionais específicas dos brasileiros”, diz. A Pfizer tem planos de lançar novos produtos da linha, além de aumentar o volume de vendas. ■
VENDAS
No país, segmento de mercado movimenta R$820 mi por ano.
Negócios crescem 15% ao ano, mas o mercado brasileiro de polivitamínicos ainda representa menos de 15% dos maiores consumidores mundiais, Japão e Estados Unidos.
Consumidores desconhecem quando usar.
Terceiro segmento em importância no mercado dos MIPs, atrás apenas dos analgésicos e antivirais, os polivitamínicos prometem repor nutrientes que às vezes faltam no organismo, além de combater o stress físico e mental e fortalecer o sistema imunológico. Há quem os defenda como essenciais, quando as refeições no restaurante da empresa, na lanchonete da esquina ou a pizza comprada em casa substituem frutas, verduras e legumes. Mas há quem fuja das cápsulas acreditando que engordam ou reforçam o apetite. Segundo a nutricionista Heloisa Guarita, da RG Nutri, é preciso buscar o equilíbrio. Não é porque a grande maioria das vitaminas não exige receita médica que se deva consumi-las sem consultar antes um especialista. "Muitas vezes às pessoas tomam cápsulas de polivitamínicos diariamente e consomem as substâncias vendidas como matéria-prima para enriquecer alimentos e, por isso, acabam indo além da ingestão recomendada", afirma. Ao mesmo tempo, a nutricionista explica que as vitaminas não têm calorias ou açúcar. E acrescenta: "O melhor caminho é corrigir a dieta. Mas quando isso não é possível, não vejo problema das pessoas comprarem polivitamínicos, contanto que saibam para que servem as cápsulas e para que as estão consumindo." Em algumas casos, diz Heloisa, como em gestantes ou pessoas sob regimes severos, os polivitamínicos são recomendados. M.S.J.F.