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quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Cresce venda de polivitamínicos.

Comparado com o entusiasmo americano ou o japonês pelos frascos de polivitamínicos, o mercado brasileiro sempre foi irrisório - representa meros 10 a 15% daquele dos maiores consumidores mundiais. Mas algo está mudando no rastro do sucesso dos medicamentos isentos de prescrição médica (MIPs), ou inglês over-the-counter (OTC) que prometem bem-estar e qualidade de vida. O segmento dos polivitamínicos, que no Brasil movimenta cerca de R$ 820 milhões, cresce em ritmo acelerado, da ordem de 15% ao ano. Dizem os fabricantes que o seu potencial é quadruplicar em cinco anos. Para ocupar esse espaço, os dois maiores fabricantes — a Boehringer Ingelheim, dona do Pharmaton; e a Pfizer, fabricante do Centrum — investem em marketing. O laboratório alemão pretende gastar R$ 10 milhões para promover o Pharmaton, o que corresponde a mais de 20% do faturamento do produto no ano passado. Para chamar a atenção de consumidores mais jovens, o laboratório criou o Desafio Pharmaton, em que pessoas inscritas em duas assessorias esportivas são desafiadas a completar provas e treinos. Além da parte esportiva, os atletas passam por orientação nutricional e também por um check-up médico. O objetivo é atingir cerca de 5 milhões de pessoas com a ajuda das redes sociais. “Queremos que as pessoas acrescentem o produto na lista do que fazem para ter qualidade de vida”, diz Daniela Arantes, gerente de Marketing da Boehringer Ingelheim do Brasil. Ela diz que, tradicionalmente, os polivitamínicos eram mais utilizados por pessoas acima dos 40 anos que se julgavam estressadas ou doentes.

Mais jovens

A ideia agora é colocá-los na mira dos mais jovens, com disposição de praticar esporte, fazer ginástica e se movimentar. E daqueles que se preocupam com dieta e hábitos saudáveis, como evitar o cigarro e o exagero nas bebidas alcoólicas. E tentam conciliar a vida agitada com alimentação correta. Nessa linha também vai o marketing do Centrum da Pfizer. A empresa centrou a sua campanha publicitária no casal Angélica e Luciano Huck, esperando que a imagem dos dois, de pessoas que se cuidam e têm uma vida saudável, seja associada ao consumo de vitaminas. O esforço dos fabricantes é mostrar também que repõem substâncias essenciais ao organismo normalmente contidas na alimentação. Rodolfo Hrosz, gerente-geal da Pfizer Consumer Healthcare no Brasil, diz que uma grande parcela da população, independente da região ou nível sócioeconômico, apresenta ingestão muito abaixo do consumo recomendado de vitaminas e minerais essenciais, normalmente contida nas frutas, verduras e legumes. “Desenvolvemos uma fórmula do Centrum exclusiva que visa atender às necessidades nutricionais específicas dos brasileiros”, diz. A Pfizer tem planos de lançar novos produtos da linha, além de aumentar o volume de vendas. ■

VENDAS

No país, segmento de mercado movimenta R$820 mi por ano.

Negócios crescem 15% ao ano, mas o mercado brasileiro de polivitamínicos ainda representa menos de 15% dos maiores consumidores mundiais, Japão e Estados Unidos.

Consumidores desconhecem quando usar.

Terceiro segmento em importância no mercado dos MIPs, atrás apenas dos analgésicos e antivirais, os polivitamínicos prometem repor nutrientes que às vezes faltam no organismo, além de combater o stress físico e mental e fortalecer o sistema imunológico. Há quem os defenda como essenciais, quando as refeições no restaurante da empresa, na lanchonete da esquina ou a pizza comprada em casa substituem frutas, verduras e legumes. Mas há quem fuja das cápsulas acreditando que engordam ou reforçam o apetite. Segundo a nutricionista Heloisa Guarita, da RG Nutri, é preciso buscar o equilíbrio. Não é porque a grande maioria das vitaminas não exige receita médica que se deva consumi-las sem consultar antes um especialista. "Muitas vezes às pessoas tomam cápsulas de polivitamínicos diariamente e consomem as substâncias vendidas como matéria-prima para enriquecer alimentos e, por isso, acabam indo além da ingestão recomendada", afirma. Ao mesmo tempo, a nutricionista explica que as vitaminas não têm calorias ou açúcar. E acrescenta: "O melhor caminho é corrigir a dieta. Mas quando isso não é possível, não vejo problema das pessoas comprarem polivitamínicos, contanto que saibam para que servem as cápsulas e para que as estão consumindo." Em algumas casos, diz Heloisa, como em gestantes ou pessoas sob regimes severos, os polivitamínicos são recomendados. M.S.J.F.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

DIU pode reduzir em cerca de 50% o risco de câncer de colo de útero, segundo artigo publicado no The Lancet Oncology

A utilização de um dispositivo contraceptivo intra-uterino (DIU) pode proteger contra o risco de desenvolver câncer cervical, embora não proteja contra a infecção cervical pelo papilomavírus humano (HPV), de acordo com estudo realizado pelo Instituto Catalão de Oncologia, na Espanha, publicado pelo The Lancet Oncology.
Uma análise combinada de 26 estudos epidemiológicos mostrou que o uso de dispositivo intra-uterino (DIU) pode reduzir o risco de desenvolver câncer cervical em cerca de 50%, mas não protege contra a infecção pelo vírus HPV.
Foi realizada uma análise combinada de dados individuais a partir de dois grandes estudos da International Agency for Research on Cancer e do Institut Català d'Oncologia – Barcelona, na Espanha. Um estudo incluiu dados de dez estudos caso-controle de câncer cervical feito em oito países e os outros dados incluídos vieram de 16 estudos de prevalência de HPV em mulheres da população geral em 14 países. Um total de 2.205 mulheres com câncer de colo do útero e 2.214 mulheres no grupo controle que não tinham câncer cervical foram incluídas a partir dos estudos de caso-controle e 15.272 mulheres saudáveis a partir de pesquisa com o HPV. Informações sobre o uso do DIU foram obtidas por entrevista pessoal. O HPV foi testado pela técnica de PCR.
Após o ajuste para covariáveis relevantes, foi encontrada uma forte associação inversa entre o uso de DIU e o câncer cervical, em relação aos tipos mais comuns do tumor – redução de probabilidade de desenvolvimento de carcinoma de células escamosas em 44% e adenocarcinoma ou carcinoma adenoescamoso em 54%. O DIU não afetou o risco de infecção pelo HIV. O período de tempo que as mulheres usavam o DIU não alterou significativamente o risco, uma vez que o risco foi reduzido quase pela metade no primeiro ano de utilização e o efeito protetor permaneceu significativamente o mesmo após 10 anos de uso do dispositivo.
Os dados sugerem que o uso de DIU pode agir como um cofator de proteção na carcinogênese cervical. Os cientistas, liderados pelo pesquisador Xavier Castellsague, acreditam que no processo de inserção ou remoção deste dispositivo as células pré-cancerosas possam ser destruídas ou que haja uma inflamação responsável por provocar aumento da imunidade celular. Estes podem ser alguns dos vários mecanismos que poderiam explicar os achados.
Fonte: The Lancet Oncology

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

vacinas para prevenção de infecções por Helicobacter pylori

Dr. Ricardo Bordinhão
Diretor e Idealizador do Portal Farmacêutico Virtual
Novartis licencia programa de vacinas do grupo AlphaVax

A farmacêutica suíça Novartis AG irá licenciar, por 20 milhões de euros, o programa de vacinas do grupo europeu AlphaVax contra as infecções por citomegalovírus (CMV), responsáveis pelo desenvolvimento de complicações em recém-nascidos.

A transação inclui vacinas para prevenção de infecções por Helicobacter pylori, um dos principais agentes causadores da gastrite que pode levar ao câncer gástrico, o desenvolvimento de novas vacinas contra a infecção meningocócica e contra outras infecções adquiridas na comunidade ou em hospitais, além de uma vacina contra o Estreptococcus do Grupo B, com potencial de proteção contra 85% das sepses e meningites neonatais.

Até o momento, não há vacinas aprovadas para prevenir as infecções por citomegalovírus (CMV) e, segundo anunciou a Novartis, os ensaios clínicos de fase II com este agente devem ser iniciados em 2009.

Nos Estados Unidos e na União Européia, o CMV infecta, todos os anos, cerca de 86 mil recém-nascidos, causando 700 mortes e 17 mil e 500 casos de malformações fetais.

Fonte: Novartis

 
Saúde pública sofre com insegurança das regras.

O plano de produzir extrato de andiroba da Amazônia como potente antialérgico e anti-inflamatório, mais barato e sem os efeitos colaterais dos medicamentos tradicionais, tinha tudo para obter êxito no mercado. A patente havia sido depositada e o contrato de transferência de tecnologia entre a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a empresa Biolab já estava pronto. Mas acabou engavetado, após anos de investimento e desenvolvimento de inovação, porque o Conselho de Gestão do Patrimônio Genético (CGEN) exigiu a informação sobre qual comunidade detém o conhecimento tradicional sobre uso da planta, visando a repartição dos benefícios com a venda do produto.

"Como ninguém descobriu o beneficiário, não tivemos autorização para produzir e agora qualquer um pode retirar andiroba da floresta venezuelana ou boliviana para beneficiar lá fora e vender para o Brasil", lamenta o diretor da empresa, Márcio Falci.

"É tempo e dinheiro indo para o ralo", afirma o executivo, lembrando que atualmente 90% dos fitoterápicos vendidos no Brasil são importados. Diante dessa realidade, após ter assinado o Protocolo de Nagoya, "o Brasil acabará pagando royalties pelo uso da biodiversidade, em vez de ser beneficiado pela riqueza de recursos que possui", comenta Falci. Entre os produtos da biodiversidade que a empresa desenvolve está o filtro solar à base de buriti - palmeira nativa do Norte e Nordeste. Com fator de proteção 100 e maior durabilidade que os convencionais, a novidade foi alvo de recente multa aplicada pelo Ibama por problemas com a autorização de uso do recurso genético.

"É lamentável uma área tão estratégica para o país ter uma legislação difícil de ser implementada", afirma Celeste Emerick, da Coordenação de Gestão Tecnológica da Fiocruz, ex-participante do CGEN. Ela adverte: "Tudo o que os brasileiros publicam em inovação neste campo está sendo incorporado pelos países ricos". Em sua análise, internamente no Brasil a tendência é o redirecionamento dos investimentos em biodiversidade, com impactos negativos para a saúde pública.

A Fiocruz, maior instituição brasileira de pesquisa no setor, tem orçamento de R$ 2,3 bilhões para 2011, 60% superior ao do ano passado. Ao longo dos últimos anos, construiu sedes em diferentes regiões do país e produz anualmente 630 milhões de comprimidos e doses de vacina. No entanto, a instituição tem hoje apenas cinco licenças para transferência de tecnologia em vigor.

"A melhoria das regras de acesso ao patrimônio genético, com menos burocracia, contribuiria para aumentar esses números", ressalta Celeste. A estratégia da instituição é pesquisar potenciais plantas de uso medicinal, desenvolver tecnologia para a sua transformação em novos produtos e transferi-la para o mercado, gerando benefícios principalmente para o controle de doenças tropicais, nem sempre atendidas pelos laboratórios farmacêuticos multinacionais. "O objetivo é alcançar produtos que viabilizem políticas públicas em saúde", explica Celeste.

Exemplo recente é a pastilha produzida a partir de bactérias da biodiversidade brasileira, capaz de se desintegrar na água e agir eficientemente por 25 dias nos reservatórios, com poder de paralisar a boca das larvas do mosquito da dengue, matando-as de fome e infecção. A nova solução contra a doença está sendo transferida pela Fiocruz para produção em escala comercial na empresa BR3 Agrobiotecnologia, de São Paulo, especializada em debelar pragas. O produto biológico nacional substituirá com vantagens o similar cubano hoje importado pelo Ministério da Saúde, que gasta no total R$ 19,4 milhões por ano em inseticidas para o controle do inseto transmissor da dengue.

"Projetada com base na realidade brasileira, a tecnologia apresenta efeito mais duradouro no ambiente e reduzirá o volume de inseticidas químicos", conta a pesquisadora Elizabeth Sanches. Também chegam ao mercado produtos para o controle biológico dos transmissores da malária e da filariose.

No caso da aids, a novidade é o emprego de algas marinhas da costa brasileira para o desenvolvimento de substâncias antivirais, úteis tanto na prevenção como no tratamento da doença. O produto, em fase de patenteamento, tem como diferencial a baixa toxicidade ao organismo humano, com desempenho equivalente a medicamentos já em uso no mercado. Em cooperação com o Saint George´s University of London, na Inglaterra, os pesquisadores iniciarão os testes clínicos, após aprovação já verificada em laboratório, absorvendo investimentos de R$ 2 milhões. "O novo medicamento poderá representar uma economia de 15% nos custos do governo com testes e tratamento de aids, que somam R$ 1 bilhão por ano", informa o pesquisador Luiz Roberto Castello Branco.
Fonte: VALOR – SP

domingo, 25 de setembro de 2011

a metformina agora é usada para emagrecer !!!!!!!????!!!!!!!

Há uma novidade no arsenal químico contra a obesidade: a metformina, um remédio usado há mais de trinta anos no tratamento do diabetes tipo 2. Vendido sob nomes comerciais como Glifage, Dimefor e Glucoformin, o medicamento promove tanto a perda de peso quanto a redução da gordura visceral – aquela que se concentra ao redor do abdômen e que, como mostram pesquisas médicas, faz um mal danado à saúde ao multiplicar os riscos cardíacos. "É temerário prescrever a metformina apenas como remédio para emagrecer, porque ela não é recomendada para esse fim", afirma o endocrinologista Walmir Coutinho, vice-presidente da Federação Latino-Americana de Sociedades de Obesidade. Ainda que seus efeitos colaterais não sejam severos (diarréia é o mais freqüente), falta atestar sua segurança em pacientes que não têm diabetes.

A adoção da metformina nos programas de emagrecimento é reflexo das últimas pesquisas sobre os laços (bastante estreitos) entre diabetes e obesidade. "Descobriu-se que o hormônio insulina é um dos fatores mais importantes para o desenvolvimento da obesidade", diz o endocrinologista Alfredo Halpern, da Universidade de São Paulo (USP). A insulina é responsável por retirar o açúcar da circulação sanguínea e jogá-lo para dentro das células, onde é transformado em energia. Nos portadores de diabetes tipo 2, porém, as células não respondem à ação do hormônio, o que exige que o pâncreas produza grandes quantidades dele. A obesidade surge como subproduto desse processo, já que, em demasia, a insulina faz com que o organismo produza mais gordura. A metformina age aumentando a sensibilidade das células a esse hormônio. Ou seja, evita seu acúmulo no sangue.

A perda de peso proporcionada pela metformina varia de 5% a 7% do peso inicial, e a redução da circunferência abdominal pode chegar a 3 centímetros (veja quadro abaixo). A metformina só funciona, contudo, quando acompanhada de uma dieta pobre em alimentos de alto índice glicêmico, como os carboidratos. Isso porque, depois de ingeridos, esses alimentos são rapidamente transformados em glicose – e, em resposta ao aumento da presença desse açúcar, o organismo produz mais insulina, o que pode neutralizar o efeito do remédio. "É preciso também praticar exercícios físicos, para que os músculos queimem o açúcar circulante no organismo", diz o endocrinologista Geraldo Medeiros, também da USP. Ou seja, a metformina, por si só, não faz milagres. Nada faz, aliás. Corra para a academia, querida.

 
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